terça-feira, dezembro 07, 2004

As crianças e os adultos face ao computador

O computador é objecto de variados mitos. Normalmente, a imagem que se tem dele é a de uma máquina fria, tirânica, que desumaniza implacavelmente as pessoas que com ela trabalham. Mas há também os que pensam que tudo o que o computador faz é perfeito, e, portanto, inquestionável. E há ainda os que os vêem como um potencial inimigo. Mas o computador, só por si, não é um demónio nem um objecto milagreiro. É apenas um instrumento, cuja utilização pode ser bem ou mal conduzida – o que não depende dele, mas de nós próprios. É interessante observar como os diversos sectores da sociedade têm reagido à presença cada vez maior do computador nas suas vidas. As crianças vêem o computador com curiosidade e naturalidade, senão com verdadeiro entusiasmo. Os adultos, em especial aqueles que raramente nunca o utilizam, em geral, tendem a vê-lo com cepticismo, receio e desconfiança. Para explicar a grande facilidade com que as crianças aprendem a trabalhar com o computador, e que contrasta fortemente com as dificuldades evidenciadas por muitos adultos, fala-se muito da sua grande “plasticidade mental”. Esta plasticidade, existe certamente e desempenha o seu papel, mas há boas razões para crer que não explica completamente o que se passa. Os bloqueios e as sintonias que se estabelecem com o computador têm uma origem muito mais afectiva do que cognitiva.

PONTE, João Pedro da. As novas tecnologias e a educação. Texto Editora