terça-feira, novembro 16, 2004

Esta vida de professor...

Para começar, deixo-vos aqui algumas partes de um livro que gosto particularmente. Se tiverem tempo leiam o livro (só mais um!). Muitos de vocês vão rever-se certamente em algumas situações descritas e que reproduzem fielmente aquilo que muitas vezes pode acontecer numa sala de aula.
Espero que gostem.
"Quando anunciamos, num belo dia de Primavera - pois é preciso fazê-lo com antecedência -, que pretendemos leccionar no secundário, o nosso primeiro espanto é descobrir quanto as pessoas que nos rodeiam gostam de nós e querem poupar-nos dissabores:
- O quê! Tu estás doido? Os alunos hoje em dia são infernais. Renuncia a essa ideia! (...)
Não lhes ocorre [aos parentes e amigos] que escolhemos uma via que nos atrai: o ensino e o contacto com as crianças. Respondemos a um apelo interior. (...)
Descobrimos, então, que estamos rodeados por especialistas em pedagogia e educação. (...)
- Mostra-te duro! Não te deixes apanhar pelos teus alunos.
- Se os deixas pisar-te os calos, eles tornam-te a vida impossível. Faz-te respeitar! Castiga-os severamente, desde a primeira aula. (...)
Fazer-se temer, impor a distância, não se deixar aproximar pelos alunos, bater se necessário, então é para isso que queremos ser professores? É realmente a tranquilidade que nos leva a ensinar? Receamos a tal ponto as crianças e as suas turbulências? Sendo assim, ainda estamos a tempo de renunciar e dizer aos nossos amigos que lhes pregámos uma boa partida."

HOUOT, Bernard. Esta vida de professor. Edições Asa
Ao fim de vinte e dois anos passados na indústria, mesmo tendo um coração de "prof", Bernard Houot decide tornar-se professor. Desta experiência invulgar, Bernard H. faz-nos um relato apaixonante, entremeado de episódios anedóticos, e no qual defende a ideia de que a escola deve dotar-se de meios de qualidade, uma qualidade baseada sobretudo numa organização menos pesada e mais humana.
Nascido em 1944, antigo aluno da Escola Politécnica, Bernard H., engenheiro, pai de três filhos, exerce actualmente funções de conselheiro técnico para o sucesso escolar na cidade de Lyon.
E vocês... por que é que um dia decidiram ser professores?
Blog@qui os teus pensamentos.

1 Comments:

At 4:35 da tarde, Blogger Elisa de Castro Carvalho said...

Quando era pequenina passava a vida a dizer que queria ser arquitecta. Pegava naquelas folhas A4 de papel cavalinho e punha-me a desenhar a planta de minha casa vezes sem conta até achar que estava bem; ou então, desenhava casas idealizadas por mim nos meus pensamentos de menina. Os anos foram passando, e eu sempre com a mesma ideia. No entanto, tinha algo que me atormentava no meu percurso escolar... a matemática. Não sei bem porquê nunca me dei bem com ela... E hoje arrependo-me profundamente. Deveria ter dado tréguas à minha 'inimiga' para poder seguir em frente com o meu sonho. E assim fui traçando o meu perfil escolar, achando eu que decididamente tinha mais jeito para as Letras. E um belo dia, quando chegou a hora de concorrer ao ensino superior, lá me inscrevi para ensino de Português-Francês, sem saber se calhar o que me esperava e um pouco às cegas... Nunca me hei-de esquecer daquele dia... Do dia em que inocentemente decidi ser professora. Mas não me arrependo. As compensações que podemos tirar da nossa profissão podem ser muitas. Basta gostar daquilo que fazemos. E apesar de ainda não estar colocada, continuo a gostar de dar aulas tanto (ou mais) como no primeiro dia em que enfrentei uma turma. Vou contar-vos um segredo... já tenho saudades... muitas saudades.

 

Enviar um comentário

<< Home